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Saúde

Entenda a sonolência excessiva diurna

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Essa é uma queixa comum no dia a dia do médico do sono

A neurologista Ana Carolina Dias Gomes, especialista em Medicina do Sono pela Associação Brasileira de Sono, chama atenção para termos em mente que o paciente com alguma doença que causa sonolência excessiva diurna pode ser injustamente taxado como preguiçoso, desastrado, antissocial, esquisito, desatento, entre outros. A médica conta que não é raro os pacientes procurarem ajuda profissional e relatar sonolência. Eles dizem também que trabalham até tarde, precisam levantar bem cedo no dia seguinte e/ou estão na faculdade no período noturno.

A especialista comenta que muitos chegam desesperados por estarem com privação de sono (dormem menos do que deveria) há muito tempo e não sabem como agir. “Esses casos não possuem nenhuma solução mágica. O nome disso é síndrome do sono insuficiente. Podemos tentar ajustar alguma coisa na rotina do paciente, mas não há substituto medicamentoso para um sono de boa qualidade”, alerta.

Ana Carolina ressalta que além de suspeitar, saber diagnosticar a depressão é essencial, já que a doença pode estar ligada a muitos problemas de sono. O paciente com depressão pode dormir muito ou pouco, mas essas questões são tão frequentes que até estão listadas (veja abaixo) nos critérios para se fazer o diagnóstico.

Apneia do sono: é uma doença muito frequente na população e com potencial de gerar outros problemas de saúde, em especial os cardiovasculares e endocrinológicos. A sonolência diurna é bastante comum e pode ser uma pista para pesquisar e tratá-la.

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Síndrome das pernas inquietas: é outra doença comum que pode gerar muito desconforto. São sensações desagradáveis que amenizam o movimento e tendem a ocorrer ou piorar à noite. Isso pode gerar um problema para a pessoa pegar no sono.

Distúrbios do ritmo: ocorrem quando o “relógio biológico interno” está desajustado com a hora local que a pessoa vive. Esse desencontro faz com que a pessoa queira dormir em horários não convencionais, dormindo menos do que deveria. Exemplificando, alguém com o relógio interno acredita ser 23 horas, porém, na realidade, são 3 horas da manhã, sendo só nesse horário que o indivíduo vai ter sono. “Temos tendência a dormir mais tarde ou mais cedo, mas nesses casos, a pessoa não consegue se ajustar sozinha”, explica a neurologista.

Hipersonias de origem central: narcolepsia 1 e 2, hipersonia idiopática e a síndrome de Kleine Levin são doenças que causam sonolência excessiva diurna por problemas nos circuitos cerebrais relacionados ao sono. São raras, precisam de exames para o diagnóstico ser realizado corretamente e podem acabar com a qualidade de vida. “Nesses casos, o sono é tão insuportável que geralmente não conseguem lutar contra ele. Podem dormir conversando com alguém ou mesmo no trânsito. Podem passar muitas horas por dia ou períodos dormindo e viver normalmente em outros”, aponta.

Dra. Ana Carolina Dias Gomes - Foto divulgação

Dra. Ana Carolina Dias Gomes – Foto divulgação

Segundo Ana Carolina, com relação às doenças clínicas, a sonolência excessiva diurna é uma importante oportunidade de observar que qualquer médico precisa entender o corpo humano na totalidade e saber diagnosticar suas disfunções. A neurologista lembra que não adianta saber tudo sobre o sono e tratar o paciente com hipotireoidismo, por exemplo, com medicamentos para mantê-lo acordado, conforme usados na narcolepsia. “Com o tempo, o hipotireoidismo pode se agravar, e o médico terá perdido a oportunidade de diagnosticar e encaminhá-lo para um colega que saiba lidar melhor com essa doença”, pontua.

De acordo com a médica, infecções, deficiência de nutrientes como o ferro e vitaminas, como a B12, entre tantas outras causas possíveis, precisam ser investigadas com anamnese, exame clínico e laboratorial adequados. “São muitos fármacos que podem ter a sonolência como efeito desejado ou colateral. Os mais comuns são os benzodiazepínicos, alguns antidepressivos, antipsicóticos, em geral, e antialérgicos. Se você sente sono durante o dia e gostaria de melhorá-lo, procure um médico do sono”, finaliza.

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