Saúde
Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a endometriose como problema de saúde pública
Doença afeta mais de 180 milhões de mulheres no mundo
Segundo a ginecologista Juliana Risso, esta classificação mostra a necessidade urgente de aumentar a conscientização, melhorar o diagnóstico precoce, fornecer tratamentos eficazes e apoiar pesquisas para entender melhor a doença. “Através dessas ações, a OMS visa melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas pela endometriose e reduzir o impacto socioeconômico da condição”, destaca.
A médica explica que a doença causa dor intensa e debilitante que pode afetar a capacidade das mulheres de realizar atividades diárias, trabalhar e participar de eventos sociais. Ela esclarece que a dor crônica associada à endometriose pode levar ao uso frequente de medicamentos analgésicos e a necessidade de consultas médicas regulares, o que coloca uma carga considerável sobre os sistemas de saúde. “Além disso, a condição muitas vezes leva a intervenções cirúrgicas, como a laparoscopia, para diagnóstico e tratamento, aumentando ainda mais os custos de saúde”, aponta.
O problema é uma das principais causas de infertilidade, atingindo a capacidade de muitas mulheres de conceber naturalmente. “Isso não só causa sofrimento emocional, mas também leva a um aumento da demanda por tratamentos de fertilidade, como a fertilização in vitro (FIV), que são caros e nem sempre acessíveis a todas as mulheres. A infertilidade pode ter um impacto profundo no bem-estar psicológico e nas relações pessoais das mulheres”, lembra a especialista.
De acordo com ela, a condição tem um impacto econômico significativo. As mulheres com endometriose enfrentam perda de produtividade no trabalho devido a faltas frequentes e uma menor capacidade de trabalhar em plena capacidade quando estão presentes. Isso resulta em perdas financeiras para as próprias mulheres quanto para as economias dos países devido à diminuição da força de trabalho efetiva. “Além disso, o estigma e a falta de conhecimento sobre a endometriose contribuem para diagnósticos tardios. Muitas mulheres sofrem durante anos sem um diagnóstico adequado, o que agrava os sintomas e as complicações da doença. A falta de conscientização e educação sobre a endometriose entre profissionais de saúde e o público impede que as mulheres recebam o tratamento necessário em tempo hábil”, comenta.
Doença crônica
Conforme a especialista, a endometriose é considerada uma doença crônica porque seus sintomas persistem ao longo do tempo e frequentemente requerem tratamento contínuo para o controle deles. “As mulheres com endometriose experimentam sintomas como dor pélvica crônica, dor durante a menstruação, dor durante as relações sexuais e problemas digestivos. Esses sintomas podem variar em intensidade, mas, geralmente, não desaparecem sem intervenção médica. A natureza crônica da doença significa que muitas mulheres precisam de um gerenciamento contínuo e em longo prazo, incluindo medicação, terapias hormonais e, em alguns casos, múltiplas cirurgias”, salienta.
Risso lembra que o diagnóstico tardio é comum porque os sintomas da endometriose podem ser facilmente confundidos com outras condições, como a síndrome do intestino irritável (SII) ou a doença inflamatória pélvica. A dor pélvica e os problemas digestivos são sintomas que podem ser atribuídos a uma variedade de condições ginecológicas e gastrointestinais, o que pode atrasar a identificação correta da endometriose. Além disso, há uma falta de conscientização e educação sobre a endometriose, tanto entre a população geral quanto entre os profissionais de saúde.
A médica reforça que muitas mulheres crescem acreditando que a dor intensa durante a menstruação é normal e não buscam ajuda até que os sintomas se tornam intoleráveis. Quando procuram ajuda, podem encontrar profissionais que não estão familiarizados com a doença ou que subestimam a gravidade dos sintomas, levando a diagnósticos incorretos ou atrasados. “Por essas razões, a endometriose é frequentemente diagnosticada de forma tardia e é considerada uma condição crônica, exigindo um tratamento contínuo e multifacetado para gerenciar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas”, finaliza.
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