NOSSAS REDES SOCIAS

Saúde

Geriatra reflete sobre o envelhecimento

Publicado

em

Foto divulgação

O relacionamento que temos com a saúde física, mental e emocional é fundamental neste processo

A médica Ana Claudia Quintana Arantes (CRM-SP 76.851), especialista em geriatria com formação avançada em Cuidados Paliativos e pós-graduada em Psicologia — Intervenções em Luto, comenta que a maioria das pessoas parece não estar satisfeita com a ideia do envelhecimento, no entanto, a realidade está ao nosso lado, a cada dia que passa. “Talvez fosse melhor que pudéssemos compreender este processo que acontece conosco, fazer parte desta decisão e não apenas escolher ser uma vítima do tempo”, afirma.

Segundo a especialista, no início do século XX, passar dos 40 anos era visto como algo animador. Hoje, porém, nossa vida, muitas vezes, só encontra sentido exatamente a partir dos 40 ou 50 anos e acredita-se que o melhor pode estar por vir. Portanto, para chegarmos aos 80 anos ou mais, precisamos envelhecer. Ademais, Ana Claudia conta que o mérito (ou a responsabilidade) vai depender exclusivamente das escolhas de comportamentos internos e externos realizados a cada dia, a cada momento da vida. Ela lembra que, se uma pessoa for vista apenas do aspecto físico, dificilmente vamos ter um envelhecimento de sucesso. “Diante deste engano, vemos pessoas submetidas às regras abusivas de dietas, medicamentos, vitaminas e suplementos, além da crueldade da ditadura da beleza física permanente. Assim, fica impossível chegar bem aos 40 anos, que dirá aos 80”, aponta.

Ciência

Os avanços da ciência e da medicina têm papel indiscutível sobre a melhora da expectativa de vida. Entretanto, como pontua a médica, há o lado B de tudo isso: parece que as pessoas menos comprometidas com a saúde passaram a acreditar que temos fórmulas mágicas que podem resgatar todas as atitudes erradas frente às escolhas sobre os cuidados com o corpo. Ana Claudia salienta que existe uma falsa proposta de que tudo o que fizemos de errado pode ser resolvido por remédios de última geração, vitaminas, soros milagrosos, plásticas, tratamentos estéticos caros e de risco muito maior do que os benefícios oferecidos.

Envelhecer

Conforme a médica, só envelhece bem quem viveu em plenitude cada dia da sua vida, mas não precisa ser alegria plena. Precisa ser um tempo de vida. E então, além disso, ela reforça que os indivíduos vão para a angústia de metas impossíveis (controle das emoções); treinamentos mentais exaustivos (afirmações positivistas). Já as crenças e mitos sobre o uso abusivo e sem fundamento dos antidepressivos e remédios para ansiedade não levam às pessoas ao conforto, mas, sim, ao sofrimento da ditadura da felicidade ou da estabilidade emocional constante — uma dependência permanente que priva os indivíduos de viverem tudo o que a vida pode oferecer.

Advertisement
Dra. Ana Claudia Quintana Arantes - Foto divulgação

Dra. Ana Claudia Quintana Arantes – Foto divulgação

De acordo com a especialista, na maioria das crises, temos condições emocionais de superação, contudo não temos paciência para esperar o tempo de transformação. “As pesquisas cada dia mais mostram que envelhecer de maneira socialmente ativa é muito favorável. Chegar ao fim da vida dizendo ao mundo o quanto tem de felicidade em viver depende quase que exclusivamente da qualidade das relações humanas que desenvolvemos ao longo de toda a vida”, finaliza.

Continue lendo
Advertisement

MAIS LIDAS