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Saúde

Ministério da Saúde estima que são registrados 400 mil infartos por ano no Brasil

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Raul Gazolla e Felipe Titto - Foto divulgação

Especialista conta que estilo de vida insano, como sedentarismo, tabagismo, estresse, sono inadequado, ingestão de produtos alimentícios açucarados, hidrogenados, congelados, processados, farináceos, frituras, gorduras saturadas, trans, uso de drogas ilícitas são fatores de risco para a doença

O cardiologista Bruno Gustavo Chagas (CRM-RO 4359 e RQE 1140) afirma que o infarto ocorre quando há um bloqueio repentino do fluxo sanguíneo para uma parte do músculo cardíaco. Isso é o resultado do acúmulo de placas de colesterol na parede interna das artérias coronárias, que podem se romper e formar coágulos, obstruindo o suprimento de sangue ao tecido estrutural do órgão. Sem oxigênio e nutrientes, as células do coração começam a morrer rapidamente, o que pode levar à insuficiência cardíaca aguda e arritmias.

Segundo o médico, a dor que não é possível localizar com a ponta do dedo é um desconforto ou dor difusa no tórax, que piora com qualquer esforço que faça o coração aumentar a frequência dos batimentos. Essa dor pode irradiar para os braços, região anterior do pescoço, mandíbula, gengivas, costas ou estômago (geralmente braço esquerdo). “Está geralmente associado (ou não) à sensação de falta de ar ou dificuldade para respirar, náuseas, vômitos, sensação de má digestão, eructo, suor frio, pele úmida e pálida, tontura, visão turva e cansaço extremo”, esclarece.

O cardiologista destaca que os sintomas podem variar entre homens, mulheres, diabéticos e quem usa algum tipo de medicamento. Por exemplo, as pacientes do sexo feminino podem ser mais propensas a sintomas atípicos, como fadiga incomum, dor nas costas, no pescoço ou não sentem dor.

Número de infartos aumenta em jovens

Campeão mundial de jiu-jitsu e tendo uma rotina saudável, o ator Raul Gazolla sofreu quatro infartos, sendo o primeiro aos 54 anos, em 2012. Em 2017, o ator Felipe Titto, então com 30 anos, foi internado após infartar. O Ministério da Saúde afirma que houve um aumento de 59% nos casos de infarto em pessoas com menos de 40 anos, entre 2010 e 2019. De acordo com o cardiologista, a crescente desses dados são preocupantes e podem estar ligadas a vários fatores, como estilo de vida sedentário, muitas vezes devido ao trabalho de escritório e tempo excessivo de tela; aumento da ingestão de produtos alimentícios processados e carregados de gorduras ruins e principalmente açúcares; estresse, ansiedade, depressão e outras doenças psiquiátricas; prevalência elevada de obesidade e diabetes tipo 2; uso de drogas recreativas, incluindo cocaína e anfetaminas; falta de conscientização sobre a importância da saúde cardiovascular e fatores genéticos que podem ser agravados por más escolhas de estilo de vida.

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Doença traiçoeira

O médico comenta que 80% das pessoas que têm pressão arterial alta, não sentem nada, tal como quando estão com níveis elevados de colesterol, glicemia, ácido úrico, insulina, proteína C reativa, ferritina, homocisteína e várias outras alterações dentro das artérias, que isoladas ou em conjunto podem acarretar uma lesão endotelial, seguido da adesão de plaquetas, formação de coágulo, obstrução do fluxo sanguíneo da artéria e pronto, infarto.

Bruno diz que pode acontecer de os indivíduos apresentarem sintomas e serem confundidos com problemas menos graves, como indigestão, dor de estômago, dor muscular, labirintite ou ansiedade. “Algumas pessoas, particularmente mulheres e aquelas com diabetes, podem sofrer infarto do miocárdio “silencioso”, com sintomas mínimos ou incomuns, podendo passar despercebidos e somente descobrir depois de certa complicação. Danos ao músculo cardíaco podem ocorrer rapidamente, tornando vital o reconhecimento e o tratamento imediato”, alerta.

Procure um cardiologista para verificar a saúde cardiovascular

Conforme o médico, a recomendação é que as pessoas consultem um cardiologista nas seguintes situações:

A partir dos 25 anos, para uma avaliação de rotina, se houver fator de risco hereditário, como histórico familiar de primeiro grau de infarto do miocárdio, cateterismo com angioplastia coronariana, cirurgia de revascularização miocárdica (pontes de safena) ou acidente vascular cerebral (AVC). Nesta consulta será verificado o estado de saúde atual mediante uma pesquisa ativa sobre a presença de possíveis sinais e/ou sintomas que podem ser subestimados pelas pessoas, sobre o estilo de vida que pode estar acelerando o processo de desenvolvimento de fatores de risco e/ou da própria doença, e a realização de exames que podem mostrar alterações que não dão sinais nem sintomas.

Deve-se procurar um cardiologista se tiver doenças que elevam o risco cardiovascular, tais como: hipertensão arterial, diabete, colesterol e triglicérides alto, sobrepeso ou obesidade, hábito tabágico, doenças autoimunes, doença renal, doença pulmonar, hipo ou hipertireoidismo, ser sedentário, estresse, ansiedade, depressão e se apresenta algum sinal ou sintoma suspeito.

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A pessoa necessita sempre ser avaliada pelo cardiologista antes de iniciar um programa de exercícios físicos após algum tempo sedentário. Além disso, a mulher no início da gravidez e após a menopausa precisa se consultar, pois esses estágios podem aumentar o risco cardiovascular.

Estilo de vida

Bruno reforça que 80 a 90% dos infartos do miocárdio e do cérebro (AVC) podem ser evitados com um estilo de vida saudável e tratamento adequado dos fatores de risco. “Um estilo de vida insano leva à inflamação crônica subclínica, ou seja, há uma liberação constante de hormônios e substâncias inflamatórias nas artérias, mais especificamente no endotélio, camada que reveste as artérias por dentro e fica em contato direto com o sangue circulante. Nesse endotélio, vão se infiltrando LDL (colesterol) e formando placas de ateroma que vão diminuindo o lúmen das artérias ao longo do tempo”, explica.

Dr. Bruno Gustavo Chagas - Foto divulgação

Dr. Bruno Gustavo Chagas – Foto divulgação

O cardiologista é adepto da frase “descasque mais e desembale menos”. Ele orienta aos pacientes que comam alimentos da terra, do ar e da água, adotando uma dieta balanceada carregada de frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, limitando gorduras saturadas, açúcares e sal. Outra questão primordial é a prática de atividade física regular, pelo menos 150 minutos de exercício de moderada intensidade por semana (30 minutos por dia). “Não fume, evite o consumo de álcool e não use drogas ilícitas. Gerencie o estresse por meio de técnicas de relaxamento, meditação ou terapia. Mantenha um peso saudável. Controle condições como pressão arterial, diabetes e colesterol alto, com medicamentos e mudanças no estilo de vida. Garanta um sono adequado, entre 7 e 9 horas por noite, iniciando antes das 22 horas”, finaliza.

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