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Saúde

“Podemos afirmar com segurança que a obesidade é uma epidemia global, a mais silenciosa existente, que não é causada por vírus ou bactérias, mas, sobretudo, pela comida que colocamos na nossa boca todos os dias”, diz especialista

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O ex-jogador de basquete da NBA, Charles Barkley, e a cantora Solange Almeida - Foto divulgação

Fatores comportamentais, como alimentação inadequada e falta de atividade física, têm um papel importante no desenvolvimento da doença

Dados do Atlas Mundial da Obesidade-2023 mostrou que a obesidade deve apresentar um crescimento acima do comum nos próximos anos. No Brasil, a estimativa é que até 2035, 41% da população adulta conviva com a doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) revelou que, em 2016, quase 2 bilhões de pessoas no mundo possuíam excesso de peso. A projeção é que no ano que vem o número salte para 2,3 bilhões de pessoas portadoras de sobrepeso, contudo, cerca de 700 milhões já apresentam obesidade. O médico Matheus Lisboa (CRM-AL 8.530) comenta que a obesidade não é mais um problema apenas de países ricos.

O crescimento rápido tem sido notado em países de baixa e média renda, especialmente nas áreas urbanas. Isso mostra que a doença está ligada ao estilo de vida moderno, embora outros fatores também desempenham um papel importante. O ex-jogador de basquete da NBA, Charles Barkley, e a cantora Solange Almeida são personalidades famosas que enfrentam ou enfrentaram problemas com a obesidade. De acordo com o especialista, trata-se de uma doença crônica, complexa e multifatorial causada por uma combinação de fatores que resultam em um desequilíbrio energético, ou seja, quando a pessoa consome mais calorias do que gasta. Entre as principais causas estão a genética, que pode predispor alguém a ganhar peso mais facilmente, e questões hormonais que afetam o metabolismo.

No entanto, a obesidade vai além de uma simples questão de calorias que entram e saem. “É uma complexa interação hormonal que controla a fome, a saciedade e como nosso corpo armazena energia. Em um mundo que foca tanto em calorias, a indústria de alimentos ultraprocessados prospera enquanto a saúde das pessoas declina. A realidade é que esses alimentos, muitas vezes ricos em gorduras e açúcares, alteram os mecanismos naturais de saciedade do nosso corpo, nos fazendo comer mais do que precisamos. O desenvolvimento econômico, a urbanização e as mudanças nos hábitos de vida, como a preferência por alimentos ultraprocessados e a falta de atividade física, têm contribuído para o aumento das taxas de obesidade em todo o mundo”, aponta.

Dr. Matheus Lisboa - Foto divulgação

Dr. Matheus Lisboa – Foto divulgação

Dificuldade para perder peso

O médico observa que a dificuldade em perder peso deve ser entendida considerando a complexidade da obesidade, que vai muito além da alimentação. Geneticamente, algumas pessoas têm um metabolismo mais lento, dificuldade em queimar gordura, ou até maior facilidade para acumulá-la. Isso pode incluir genes que dificultam o controle do apetite, tornando o processo de emagrecimento mais desafiador.

Além disso, existem fatores hormonais e endócrinos que afetam a regulação do apetite. Pessoas com obesidade frequentemente enfrentam desequilíbrios hormonais que dificultam a perda de peso. Isso muitas vezes não é conhecido pela maioria, porque ainda há uma falta de entendimento de que a obesidade é uma doença crônica e complexa. Por causa desses fatores, muitas pessoas desistem de tentar perder peso, culpando-se pela falta de força de vontade. Mas, na realidade, elas estão lutando contra uma doença que requer tratamento adequado, que pode incluir medicação e acompanhamento profissional.

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Não se pode ignorar o ambiente em que as pessoas vivem (altamente obesogênico). “Temos fácil acesso a alimentos calóricos e pouco gasto energético, diferentemente de antigamente, quando era necessário esforço físico para obter alimentos, que eram mais naturais e menos calóricos. O estresse do dia a dia também é um fator importante. Vivemos em um ambiente que cobra muito de nós, com muitas responsabilidades, o que aumenta o estresse e, consequentemente, o apetite, enquanto reduz nossa energia para atividades físicas. Muitas vezes, a vontade de consumir alimentos calóricos é uma resposta do corpo ao estresse e à ansiedade”, pontua.

Alimentos que são vilões da obesidade

Conforme o especialista, alimentos ultraprocessados, como refrigerantes, salgadinhos, biscoitos e fast food, foram projetados para serem altamente palatáveis, incentivando o consumo em excesso. “Eles sequestram nossos centros de saciedade. Quanto mais você come, mais vicia e tem vontade de comer novamente. Além disso, eles são geralmente pobres em nutrientes, mas muito ricos em açúcares, gorduras ruins e aditivos artificiais, o que contribui para o ganho de peso. Têm alta densidade calórica, ou seja, contêm muitas calorias em pequenas porções, o que facilita o ganho de peso”, salienta.

O consumo exagerado de carboidratos simples, como pães brancos, doces, e gorduras saturadas, como as presentes em frituras e carnes processadas, também aumenta o risco de obesidade. Esses alimentos elevam rapidamente os níveis de açúcar no sangue, levando a picos de insulina, que podem contribuir para o acúmulo de gordura no corpo. Portanto, reduzir o consumo e adotar uma dieta mais balanceada, rica em alimentos naturais, como frutas, legumes, proteínas magras e gorduras saudáveis é fundamental para evitar a obesidade.

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